
A decisão do Carrefour de interromper a venda de carne proveniente de países do Mercosul na França repercutiu entre políticos mato-grosseses. A rede de supermercados anunciou a medida em meio a protestos de agricultores ses, que expressam insatisfação com o possível acordo de livre comércio entre a União Europeia (UE) com o bloco economico composto pelo Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai.
O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro (PSD), reagiu à decisão, classificando-a como uma “ação orquestrada”. “Me parece uma ação orquestrada de companhias sas. Não pode achar que é coincidência. Há 15 dias, foi a Danone que fez. E agora o Carrefour. Apontando de forma inverídica as condições de produção brasileiras, para ferir a soberania brasileira e afetando nossa produção, que é sustentável”, afirmou Fávaro.
Para Fávaro, essas restrições têm o objetivo de afetar a imagem da produção brasileira, que ele defende como responsável e sustentável. Ele afirmou que o país possui altos padrões de sustentabilidade e que o Brasil cumpre exigências rigorosas na produção de carne.
O secretário-chefe da Casa Civil de Mato Grosso e deputado federal, Fábio Garcia, também criticou a medida anunciada pelo CEO do Carrefour, Alexandre Bompard. O gestor vê a decisão como uma tentativa de enfraquecer a competitividade brasileira e impor condições arbitrárias. “Criam-se barreiras artificiais para reduzir a competitividade dos nossos produtos, mas a verdade é que o Brasil, especialmente Mato Grosso, é um exemplo global de eficiência e sustentabilidade. Temos mais de 60% do nosso território preservado e uma das legislações ambientais mais rigorosas do mundo, o Código Florestal, que garante uma produção sustentável e responsável”, afirmou.
De acordo com Garcia, a iniciativa do Carrefour e de outras empresas sas estaria disfarçada de preocupação ambiental, mas, na realidade, reflete interesses econômicos de países que, segundo ele, “dependem do Brasil para garantir segurança alimentar”.
A proposta de acordo entre UE e Mercosul prevê a redução de tarifas de importação e exportação, o que pode facilitar o comércio de produtos como carnes, grãos e bens industriais entre os blocos. No entanto, agricultores ses temem a maior competitividade dos produtos do Mercosul, que são, em geral, mais baratos e seguem padrões regulatórios diferentes, o que gera receio de impacto no mercado local e no setor agrícola francês.