O general cuiabano Júlio César Arruda, que comandou o Exército Brasileiro por cerca de um mês no início de 2023, foi incluído entre as 81 testemunhas da ação penal que investiga a suposta trama golpista envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O processo tramita no Supremo Tribunal Federal (STF) e tem como base as delações do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.

O depoimento do general está previsto para ocorrer nesta quinta-feira (22), marcando o início da oitiva das testemunhas de defesa de Cid. Segundo informações de bastidores, o testemunho de Arruda é um dos mais aguardados tanto pela acusação quanto pela defesa, já que suas declarações podem confirmar trechos da colaboração premiada do militar.
De acordo com reportagens publicadas anteriormente, Júlio César teria sido procurado em 28 de dezembro de 2022 — dois dias antes de assumir oficialmente o comando do Exército — pelo general Mário Fernandes, ex-secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência, que teria sugerido um golpe para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O então comandante interino teria rechaçado veementemente a proposta e expulsado Fernandes e dois coronéis da sala, ordenando que não voltassem enquanto ele estivesse no comando.
Esses detalhes foram revelados em reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, em novembro de 2023. Procurado na ocasião, o general não confirmou nem negou os fatos.
Júlio César foi exonerado do comando do Exército em 21 de janeiro de 2023, após desentendimento com o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, por se recusar a rever a nomeação de Mauro Cid para chefiar uma unidade de elite do Exército em Goiânia.