
A Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja MT) manifestou preocupação com a decisão do governo federal de suspender temporariamente as linhas de crédito subsidiadas do Plano Safra 2024/2025, com exceção do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). A entidade alerta para os impactos da medida na produção agrícola e na economia do país.
A suspensão dos financiamentos foi determinada pelo Tesouro Nacional devido à falta de recursos no Orçamento para custear a equalização das taxas de juros. Entre os fatores apontados pelo Ministério da Fazenda estão o aumento da taxa Selic, que elevou o custo dos subsídios, e o atraso na votação da Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2025 no Congresso Nacional. O governo afirmou que a interrupção vigorará até a aprovação do Orçamento.
Para a Aprosoja MT, a decisão compromete a estabilidade financeira dos produtores rurais, podendo afetar a produção de grãos e impactar a cadeia produtiva do agronegócio. Segundo a entidade, o crédito rural é fundamental para garantir o custeio das lavouras e os investimentos em tecnologia, sendo essencial para a competitividade do setor no mercado global.
“A suspensão dos financiamentos do Plano Safra gera insegurança para os produtores e para toda a cadeia produtiva. A falta de crédito pode resultar na redução da área plantada, na queda da produtividade e no aumento dos custos operacionais, comprometendo a produção de soja e milho, que são insumos essenciais para a produção de proteínas animais”, destacou a Aprosoja MT em nota.
A entidade também chamou atenção para os efeitos da medida no abastecimento interno e na inflação dos alimentos. Com a possível redução da produção de grãos, os preços de carne, leite e ovos podem ser impactados, afetando diretamente os consumidores, especialmente os de menor renda. Além disso, a Aprosoja MT ressaltou que a falta de previsibilidade nos financiamentos pode reduzir a competitividade do Brasil no mercado internacional e afastar investidores.
A Aprosoja MT reforçou a necessidade de uma solução urgente por parte do governo federal para evitar prejuízos irreversíveis ao setor produtivo. “O agro é um dos principais pilares da economia brasileira. Não podemos aceitar medidas que penalizem os produtores rurais e coloquem em risco a segurança alimentar do país. O governo precisa apresentar alternativas concretas para garantir a continuidade da produção e evitar um impacto negativo no abastecimento e na economia nacional”, afirmou a entidade.
O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, já havia indicado em janeiro que a alta dos juros acendeu um alerta no governo, e que estão sendo estudadas soluções alternativas para o Plano Safra 2025/2026, como taxas diferenciadas por tipo de cultivo e ampliação do uso das Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs) para reduzir os custos de financiamento.